Versos censurados

Versos censurados

Por ventura ao longe

Circunstancias rompem o ímpeto

Cheio de adeus e desventuras,

Desbotando o amanhã

Contido na visão turva do poeta

Que na ruptura das lógicas

Esvazia o ângulo das idéias.

Na altura de dias frios

O poeta cobre-se

Com palavras raptadas

Nas UTI das ilusões e pinta

Com tintas sem cor

Olhos envoltos em mistério.

No declínio de seus sonhos

Bebe a culpa de ser poeta

Em mares onde o subjetivismo

Não passa de retalhos sem valor.

Em ondas fortes o poeta embarcou

Nos ruídos da solidão

Sobre os ventos incertos

Derrama sua alma,

Pensamentos imperfeitos

Desfeitos e refeitos.

Lá ao longe ele arrisca

Alguns retratos

Que logo verte um conto

Enfunado de juntura

Incapazes de silenciar

A voz fraca de suas poesias,

Mas munidos de acusações

Que mesmo sem sentido ou corpo

Obrigam o poeta á omitir versos censurados.

E assim o auto-retrato da poesia

Borda ao som do tédio

O amanhã desbotado.

Nesse delírio a imaginação padece em febre

Ao presenciar a limitação de seus passos

Sendo acusados de loucura e poluir

A arte pura.

Jane Krist

São Paulo 10 de Abril de 2008.