Vida que se herda

Com relógios sacerdotais

E túnica alfabéticas

Eu conto e reconto

A história da minha humanidade.

Sem que as moscas

Me pousem suavemente

À sua mesa

O interesse rebenta-me

Em cada pausa

É filme e tango

A aventura das palavras

Que fazemos ao ver os outros

Volteamos dançando

As túnicas

Nessas letras da memória

E puxamos ponteiros

Até às datas existidas

Batendo as horas

Como compassos

Dessas danças tão pisadas

Estranho ainda

Não ter em mim

Esse asco absurdo

De querer comer

Os dejectos da vida

Agarro-me às horas e ao imperfeito