GRITOS DO DESESPERO
Ainda ecoam na minha mente como tambores de guerra
Os gritos do desespero louco
E eu lembro-me apenas de correr
Os ramos das árvores batiam-me na cara,
Eram chicotes doidos!
E eu corria e corria naquele labirinto
As minhas pernas anunciavam o fracasso,
Mas não podia sequer prestar-lhes atenção.
Eu precisava fugir na imensidão daquela floresta.
Hoje corro tal como naquele dia
Pelos mesmos motivos de outrora.
Não tenho mais floresta,
Mas sinto-lhe o odor infernal!
Sinto o odor da mesma besta que me persegue,
De olhos fulgurantes e bafo hediondo…
Os ramos tentam rasgar-me a pele a cada passo.
Mas eu resisto.
Há agora espasmos profundos.
A minha respiração cessa.
Agora sim posso descansar!