Cárcere da memória
Cores do abstrato na voz solene
Um espaço indefinido
Toca o alto do imaginável
Ruídos invisíveis de passos fundos
Na saudade, ecos do retrato que narra
A eternidade do instante
No virar de cada segundo.
Os olhos cansados
Densos de saudade
Não podem mais definir
O claro ou escuro
E hoje distante da própria sombra
Para manter-se vivo bebe a inexistência
Debruçados no esquife de imagens
Tocadas em ré maior
Verbo intransitivo
Cárcere da memória
E as cores espalhadas
Em ângulos horizontais
Findam o rio sólido
Nas folhas secas da ilusão.