Sangra

Vermelho!

Lembro da noite deliciosa,

Frio vento dedilhava os cabelos,

O caminho acompanhado de belo sorriso,

Prateado o brilho do luar reluzente,

Frialdade atitude lâmina argenta,

Crava em dois peitos,

Mas só uma sangra vermelha,

A poça no chão d’água ruboriza traços,

Grito berra de desespero,

Puxa adaga que suja meu rosto,

Aperta forte nossas mãos envoltas faca,

Corre crime com sua bolsa,

Esbarrando em pessoas que se chocam,

Correm para longe, aproximam-se,

Tentam ajudar, mas sem poder,

Não sem você... Por mártir de sofrimento,

Afogo corte em sangue em mim também,

Surpresa enxergo, em seu olhar aterrorizado,

Mas te sorrio,

Carinhoso te olho uma última vez,

Teu lindo cabelo trançado toco,

Como toda a noite antes de deitar,

Vejo lágrimas misturadas às gotas de seu peito,

Respingadas de meu rosto no teu,

Olho e percebo que me entendes,

Aperta meu ombro com a pouca força restante,

Olhos estáticos sinto seguir os nossos movimentos,

Esvai a vitalidade juntos,

Sinto feliz em teus braços a última vez,

O calor tremulo, abala e esfria,

Choro junto finalmente em saber que nada haverá mais,

Mas ainda na esperança,

Em que haja um lugar para nós,

Onde podemos tocar-nos, Abaixo...

E beijo o último vermelho de nossas vidas.