O guerreiro poeta (Tanka)

O tanka e uma forma de poesia oriental não tão difundida quanto o haikai, mas merecia mais atenção. Notem o silabismo. Segue a seguinte ordem 5-7-5-7-7. Vale a pena tentar.

O guerreiro poeta (Tanka)

A neve branca

nos passos do guerreiro

tinge-se logo

com todo o seu sangue

vertendo do poema.

Minha espada

calada e sem corte

entristecida

jaz triste na bainha

como um corpo morto.

Nada corta mais

que a pena do bardo

no papel branco

apenas aguardando

que o duelo venha.

A curvatura

da lâmina que brilha

reflete a luz

do forte espírito

que nunca vai se curvar.

O pó dos meus pés

lavo-o no riacho.

O sangue das mãos

limpo na roupa rota

de quem cansou de lutar.

Mauro Gouvêa

Ouro Fino, 2001

Tanka

Tanka (lit. poemas curtos) em oposição ao Chôka (lit. poemas longos), é um gênero poético que tem a sua origem nos poemas clássicos. É formado por 31 moras (ou sílabas, representadas pela escrita Kana), organizadas em versos de 5, 7, 5, 7 e 7 moras, é também um gênero muito praticado entre os imigrantes.

O “tanka” não tem (ou não exige) referência à natureza ou sazonalidade (embora isso casualmente possa acontecer). Está centrado no social ou nas paixões humanas (atributos/qualidades).

Fontes de consulta: Enciclopédia das Línguas no Brasil - Asiáticas - Unicamp -

O Fazer Poético e a Memória para um Grupo de Velhos Imigrantes japoneses - por Mário Yasuo Kikuchi [http://www.imaginario.com.br/artigo/a0031_a0060/a0038-01.shtml]