Confissões de um imortal
Confissões de um imortal
Em cálice de granito
bebo o infinito em gotas de cristal
transcedental eu sou
como os magos do oriente
que transpõem os céus
em vôos sutis com seus tapetes
tecidos de imaginação.
O preço da imortalidade
é ver a montanha tornar-se areia
e ver a realidade tornar-se neutra
aceitando a não existência.
Com o passar do tempo
até o vôo das borboletas
torna-se minuncioso
como é silenciosa
a formação de estalagmites
nas grutas seculares.
A idade das estrelas é incontável
como as vidas que vi extinguirem-se,
porque o próprio sol
também se apaga e morre.
Os fogos que cruzam os céus
nao são astros ou bólidos
são desejos insólitos
gerados pela imaginação
de um deus adormecido
que aguarda o momento de despertar.
Mauro Gouvêa