O demônio "subído"

A via secundária

da minha entrada ao céu

a primeira extraditada

no horror de um podre hotel.

Hotel de minha vida

nada doce e mole vida

minha luta e minha lida

de uma sina que incrimina.

O que me fascina

é a claridade disso tudo

imensidão que se aproxima

sem saída pelos fundos

Ao lado dos que já foram

esperando que muitos venham

embaixo que pega fogo

aqui a delícia desdenha.

A fome que um dia passei

o ódio que sempre senti

a alma que um dia amei

que sempre procurou a ti.

ajoelho-me ao seu pé

imploro-lhe perdão

subi pela velha chaminé

esperando adentrar pelo portão.

Que posso fazer para isso

se em nada jamais acreditei

se isto realmente é o paraíso

minha fé eu invalidei.

As trevas que sobem

e a luz que cai

as chagas de um homem

que cegamente te trai.

O desespero que toma conta

das minhas chances que se vão

a quente raíz que me afronta

enfrentrar o mundo cão.

Não! Perdão, mas pra lá eu não vou.

Deus e Satã são os mesmos

recebidos pelos seus com louvor.

Fico, de forma passiva.

Da decisão dos que me julgam

com coragem e minha vida em garantia.

O repentino que me assusta

pés que não sinto em nenhum chão,

as cores que eram de desfruta

evaindo-se em escuridão.

O vazio agora em completa

o medo já é meu amigo,

já me esperam com uma festa,

de dores, mágoas, sangues em rios.

Perco a ultima esperança

adeus ao mundo encantado

abro os olhos com insegurança

encontrando o despertador ao lado.

Fábio Henrique Silveira
Enviado por Fábio Henrique Silveira em 31/07/2008
Reeditado em 18/08/2008
Código do texto: T1106395