ARENA
ARENA
Quantas controvérsias existem em ser humano
Tão nebuloso quanto o palco que abriga meras ilusões
Ser contraditório
Doce e cruel ao mesmo tempo
Felicita-se ao sorrir de uma criança
Delicia-se ao triste espetáculo de uma tourada
Melhor ser touro
Com toda sua fúria e altivez
Pronto para o combate
Mesmo ferido, custa a tombar
Diante de uma arena à espera de qualquer resultado
Platéia febril e delirante frente ao sofrimento
E no padecer de suas feridas,
o golpe final
Quem dera assim fosse,
um só golpe
mortal e certeiro
Impõe um fim à dor
Metáfora perfeita aos ditos “humanos”
Nos sangram lentamente,
sem compreender o quanto doem as feridas
Profanam a razão
Sombreando a própria covardia
Desferem o último golpe
E ao cair do rubro pano,
fogem, sorrateiramente,
sentindo-se vitoriosos
Senhores de si
Sem piedade ou escolha ao derrotado
Pobres figuras
Insanas e patéticas
Dignas de compaixão
A mesma que nunca souberam existir.
(Leila Soares)