Sem "meticular"- O poeta é um orvalho
"Sem tempo,
joga as palavras ao relento.
Vê entre as paredes,
enxerga o que os outros
não podem.
Ele é prodígio.
Assim como o pintor
pinta o sol na tela, magnificamente,
ele o descreve, prodigiosamente.
Vê os orvalhos, hora a hora,
senão a aurora.
Pinta o orvalho de preto.
Risca, renova.
O O é o seu ósculo de profeta fingidor.
O R é a rima de um santo meditador.
O V é a viagem , viagem de sonhador.
O A é simples, simplesmente amor.
O L é a lágrima, sua lágrima de dor.
O H é o toque hostil, na imortalidade do ardor.
O O é o seu ósculo de poeta fingidor.
De criador do que os outros não vêem.
Não é mentiroso, sim míope da realidade
em que se deteem.
Se coubesse um i em orvalho seria
de imaginação.
Ou então o c seria de seu imenso coração..."