Sem "meticular"- O poeta é um orvalho

"Sem tempo,

joga as palavras ao relento.

Vê entre as paredes,

enxerga o que os outros

não podem.

Ele é prodígio.

Assim como o pintor

pinta o sol na tela, magnificamente,

ele o descreve, prodigiosamente.

Vê os orvalhos, hora a hora,

senão a aurora.

Pinta o orvalho de preto.

Risca, renova.

O O é o seu ósculo de profeta fingidor.

O R é a rima de um santo meditador.

O V é a viagem , viagem de sonhador.

O A é simples, simplesmente amor.

O L é a lágrima, sua lágrima de dor.

O H é o toque hostil, na imortalidade do ardor.

O O é o seu ósculo de poeta fingidor.

De criador do que os outros não vêem.

Não é mentiroso, sim míope da realidade

em que se deteem.

Se coubesse um i em orvalho seria

de imaginação.

Ou então o c seria de seu imenso coração..."

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 02/03/2006
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