abandono

Quando o perfume abandona a essência

Ante a presença de calor

A combustão dos corpos

se perde no infinito

Quando o gelo dos icebergs

derrete cerimoniosamente

Ante a presença da maré morna

A combustão prolonga a sólida

presença

na forma lânguida

e líquida

Abundante vida

Que invade veias,

Frestas, arestas

Chão e céu.

Quando os sons anunciam

a sua presença

E, ecoam no corredor repleto de silêncio

e solidão

Abandonam as aves seus ninhos

Deixam a cria a esperar faminta

pela esperança de vida

Uma nesga de luz,

Um fiapo de alimento

Um fio de cabelo

Um recatado sorriso

A esperança do outro

Do arremessado vôo

Da algaravia das aves jovens

A treinar o canto e

o destempero poético das gralhas,

maritacas

Que passam em prece,

Anunciam a vida e o contínuo renascimento

Atravessam horizontes inteiros

E desembocam misteriosamente

Nesse triste entardecer

Repleto de chuva e lágrimas

É o frio de outubro

que surpreende

O meu coração

incadescente

que aos poucos abandona

o calor

e cristaliza com o vento.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/10/2008
Código do texto: T1220207
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