Grãos de vida.

Autor: Daniel Fiúza

10/10/2008

Sede me tolhendo a mente

Secura rachando minha razão

Aridez de palavras e semente

no despenhadeiro da ilusão.

No deserto, o incerto caminhar,

fome dolorosa que a alma suga

Minha voz embargada ao falar

Crasso erro, liberdade em fuga.

A fornalha torturando o certo

Bruxas em fogueiras e rituais

Contrariando tudo que liberto

Na incerteza do que sou capaz.

O braseiro queima meu penar

A vida me fazendo provocação

Resisto na pureza do olhar

Ofereço em tributo o coração.

Lágrimas sinceras umedecem

O seco chão da fria realidade

Águas da vida que desaparecem

Nos grão de terra da saudade.

Bebendo o vinho da decepção

No cálice irônico da hipocrisia

Embriago-me de medo e aflição

Tombando ébrio e podre na coxia.