Sofia
"Quem sou? Onde estou?
Se Joana ou Maria,
a luz também apaga,
a festa também acaba.
E agora, Maria?
Me meto em sonetos profundos
e o medo, esse medo que sai
sem querer pela porta dos fundos.
Quem sou, onde estou?
Ao meio do turbilhão,
de fés recostadas em canapés.
Fés que me vem e me vão.
Resvalam entre os dedos,
o tato das cousas já não
me é possível.
O livre arbítrio é sonho inatingível.
Quem sou eu, afinal?
Uma Maria-ninguém como tantas?
Estou entre o calvário das santas?
Ou sou simplesmente colossal?
Não cortesã, sim à fovor da moral.
Revolucionária e abolicionista.
Mas de que abolição?
Ah!Dos trópicos e hipocresias machistas!
A serviço da palavra,
desde de menina,
desde de marota,
desde que o dom penetrara nas víceras!
E este ninguém me toma, assim como
ninguém me doma!
Mesmo sem o livre arbítrio,
sou quem sou.
Joana e Maria,
eu, que a cara a tapa dou,
sendo assim também um pouco de Sofia..."
Sofia = do latim Sabedoria