Sofia

"Quem sou? Onde estou?

Se Joana ou Maria,

a luz também apaga,

a festa também acaba.

E agora, Maria?

Me meto em sonetos profundos

e o medo, esse medo que sai

sem querer pela porta dos fundos.

Quem sou, onde estou?

Ao meio do turbilhão,

de fés recostadas em canapés.

Fés que me vem e me vão.

Resvalam entre os dedos,

o tato das cousas já não

me é possível.

O livre arbítrio é sonho inatingível.

Quem sou eu, afinal?

Uma Maria-ninguém como tantas?

Estou entre o calvário das santas?

Ou sou simplesmente colossal?

Não cortesã, sim à fovor da moral.

Revolucionária e abolicionista.

Mas de que abolição?

Ah!Dos trópicos e hipocresias machistas!

A serviço da palavra,

desde de menina,

desde de marota,

desde que o dom penetrara nas víceras!

E este ninguém me toma, assim como

ninguém me doma!

Mesmo sem o livre arbítrio,

sou quem sou.

Joana e Maria,

eu, que a cara a tapa dou,

sendo assim também um pouco de Sofia..."

Sofia = do latim Sabedoria

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 31/03/2006
Código do texto: T131661