Botânica do coração
"E foram-se os lírios brancos,
junto da rosas vermelhas,
junto dos pinheirais brandos
e as hortências virgens como seda...
Foram-se também os cravos e as bromélias
como musas de Paris,
os jasmins em brotos,
flores que sempre quis.
Renderam-se ao chão macio,
à calçada que amacia o colorido,
à palma que alivia o sentido.
Ah! E vieram os Ipês
nas primeiras semanas de setembro.
O inverno já se ia,
levando o vento subalterno.
Os Ipês roxos demoraram-se a brotar,
os amarelos despencaram primeiro,
como a se gabar.
Os pés garbosos, os galhos manhosos,
repletos dessas vidas de Deus,
sim, são flores dos campos meus.
Se alguém acha magnífica
esta referida criação,
é por que ainda não
conheceu outra maior:
o ser humano,
em sua perfeita imperfeição..."