Botânica do coração

"E foram-se os lírios brancos,

junto da rosas vermelhas,

junto dos pinheirais brandos

e as hortências virgens como seda...

Foram-se também os cravos e as bromélias

como musas de Paris,

os jasmins em brotos,

flores que sempre quis.

Renderam-se ao chão macio,

à calçada que amacia o colorido,

à palma que alivia o sentido.

Ah! E vieram os Ipês

nas primeiras semanas de setembro.

O inverno já se ia,

levando o vento subalterno.

Os Ipês roxos demoraram-se a brotar,

os amarelos despencaram primeiro,

como a se gabar.

Os pés garbosos, os galhos manhosos,

repletos dessas vidas de Deus,

sim, são flores dos campos meus.

Se alguém acha magnífica

esta referida criação,

é por que ainda não

conheceu outra maior:

o ser humano,

em sua perfeita imperfeição..."

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 31/03/2006
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