MINHAS MÃOS
Minhas mãos,
Em amplo movimento de braços,
Movimento aberto,
Indiscreto
Sem falsos pudores,
Nos braços nus
Com poros dilatados,
E cheiros intensos
De carnes e de sexo;
Meu corpo,
Todo ele oferecido;
Minha raiva,
Gume de facas;
Meu rasgar de peito
(Este sangue que é de terra
E que em argila me concebeu);
Cravei-as no solo.
E de cada vez mais fundas,
Remexendo
Ofegantes os dedos buscaram
(Desflorando a pureza macia
E húmida do barro)
O léxico da vida,
Sua constância.
E assim,
Fecundada a semente,
Num último torpor de terra
E de suor,
Em húmus me tornei
E vida sou –
Divisível.
Jorge Humberto
(S.D…)