Eu Voltava de TI

Eu voltava de Ti com outro pensar.

Porém amava então as estrelas

a natureza pura e suas tardes.

Hoje amo o homem humilde e seu trabalho

suas manhãs manchadas com horários

sua fronte em que a dor é quase lágrima.

Ao velho carpinteiro que recorre

a medida constante de seu féretro

morrendo por suas maõs, e vivendo.

Aos que vão diáriamente ao mercado

para comprar sua porção de tempo alheio.

Amo o homem em sua esquina, em sua ternura,

amo os pequenos em seus nomes incompletos,

a estudante atrapalhada com seus livros,

ao pobre em seu temor, por sua vida.

Hoje amo aos trabalhadores, e te digo :

"_Eu voltava de Ti com outro pensar."

Porque eu não sabia que teu bairro

não era só tua casa, senão um povo

que sofre por Ti sem conhecer-Te.

Porque eu não sabia que o crepúsculo

não é paisagem e sim o fim da jornada.

Que as doze do sábado a rua

devolve ao trabalhador sua semana,

que os humildes enchem as igrejas,

os caminhos, as tardes, os domingos.

E essa é a vida igual e sem remédio.

Pela rua e por portas conhecidas.

Pensando em Ti e a momentos esquecendo-Te.

(Fui... mas voltei...)