Céu de Carne
A ferida agoniza exasperada da emoção
Como uma flor sob um céu de primavera.
Com a mágoa a por no abismo o coração
Que chora de tristeza suas quimeras.
Sinto pulsar uma cor que não existe
Uma sombra que colore a esperança.
Fico sobrevivente que resiste
Com os olhos encharcados de lembranças.
Quando a morte suspirar querendo leito
Ansiando um descanso tão sem fim
Hei de naufragar num oceano tão estreito
Feito de luar, pele de ninfas e marfim.
Criarei sobrevivências que dizem ausência,
Tudo o que a língua não pondera.
E a mão de deus há de pedir clemência
Para morrer na caricia duma espera.
E a sombra de vidro dos sonhos mais puros
Será a chama de meus olhos tristes
Hei de suspender a treva dos futuros
E colocar sorrisos no céu que não existe.