Divagações

Minha vida é feita

de memórias vagas

que vêm e vão

como as vagas de um mar escuro

em escuras noites de verão.

Me arrumo como posso

buscando meu rumo

entre destroços de mil naufrágios

dos quais sobrevivi.

Nem tão frágil sou

me aprumo quanto rimo

calculando o prumo

do muro de arrimo

das rimas ocasionais.

Fiz a conta de meus anos

e nem todas as contas

dos colares das concubinas

contam minhas vidas, minhas sinas.

Os sinos tocam nas catedrais

construídas sobre meus ombros,

os escombros, as ruínas

se refazem a dada verso.

O que me garante um novo dia

é a certeza

de minha incerta poesia.

11/04/06