O BEIJO DESCONCERTANTE DA MINHA VÓ.

O BEIJO DESCONCERTANTE DA MINHA VÓ!

Ela saiu do meu sonho.

E caminhou pela sala.

Com os passos firmes e rijos.

Beijou a mulher do meu filho.

Um beijo desconcertante.

Cravando aquele instante.

Na minha alma e na mente.

Uma visão contundente.

Ela se foi com oitenta.

No voo de passarinho.

E viu seus filhos brigarem.

E ralhou bem de mansinho.

Queria pitar seu cigarro.

Saborear canelinha.

E dar o troco pros doces.

E me chamar de “carrinho”.

E a mulher do meu filho.

Deu-lhe um largo sorriso.

E entendeu que “seu Carlos”.

Era o segundo “carrinho”.

E deu-lhe a vó, uns tostões.

Para comprar canelinha.

Pitar o seu “Macedônia”.

Na sala sem parcimônia.

E a minha mãe não estava.

E não estava meu pai.

Estávamos nós nesta sala.

Como uma nuvem que vai.

Que muda as formas a toa.

Como quem muda o destino.

Não sei se eu era o agora.

Ou se apenas um menino.

Quero entender esse filme.

Que a minha vida passou.

E mandar beijos na alma.

Para meus pais e a vó.

Assim deseja “os carrinhos”.

E todos que nessa sala.

E o beijo desconcertante.

Que meu mistério embala.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 29/01/2009
Reeditado em 23/11/2013
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