Espaço e tempo

“Onde quer que tu vás, ou dia ou noite

Vai seguindo após ti meu pensamento”

(GONÇALVES DIAS)

Em algum lugar do meu passado torno-me presente

sempre que penso em ti.

Viajo do meu presente, que é o futuro,

para viver (não reviver) essa minha grande e única paixão.

Lá eu te conheço, envolvo e te busco para mim.

Com o meu esforço de ganhar o teu amor, tu me percebes e

começas a sentir o que também sinto por ti.

Perdes-te loucamente por mim

numa avassaladora paixão que não tem fim.

Nos amamos sem medo, sem receios em vão;

nosso amor é sublime, lindo e inimaginável.

Não há nada mais belo que o nosso amor,

mas por infelicidade alguém me acorda e do meu passado,

que era o presente, volto ao futuro

que é agora o meu atual presente.

Tive o meu futuro em algum lugar do meu passado.

Não sei o que fazer para continuar a viver

aquele meu passado que tanto se distancia do futuro.

Não sei se tu existes mais; tua época é passada e a minha é atual.

Vivi o meu futuro no passado que era o teu presente

encaminhando-se para o futuro.

Na realidade tu não existes mais,

por isso sou inconformado e triste.

Infelizmente ainda existo e isso é o que nos separa.

Se eu deixasse de existir, nós nos uniríamos outra vez

num lugar onde não há noção de espaço e tempo?

Deixa-se de ter noção de espaço e tempo

quando se perde a percepção dos sentidos,

anulando a possibilidade de conhecer através dos sentimentos.

E sentimentos... tenho muitos a partir de ti.