Partida

Hoje, quando acordei,

Caia uma chuva fina, tranqüila.

E, sob os lençóis, quase não me levanto,

tão boa sensação tive ainda deitado.

Contudo, chamava o hábito e,

quase contrafeito,

pus os pés no chão para que me levassem ao banheiro.

Dei comigo no espelho,

parecia sorrir, foi o que pareceu.

Depois de fazer os asseios rotineiros,

estava na cozinha olhando o fogão triste.

Passei um pouco de café que

fumaçava sobre a mesa junto a um pedaço de pão.

Alimentei em silencio,

o silencio de minha pessoa,

Um ritual de paz.

Voltei ao quarto, pus uma calça,

calcei um velho par de sapatos,

depois abotoei a adorável camisa branca.

O sol parecia querer surgi e surgiu.

Estaria pronto não fosse o cabelo

uma mexa teimosa,

sempre assanhada, aparecer no espelho.

Sabia ser impossível penteá-la,

mesmo assim tentei.

Larguei o pente,

a mexa espevitada,

peguei a bolsa e dirigi-me a porta.

Antes de sair, no entanto,

verifiquei seu conteúdo.

Certifiquei-me que estavam lá

Meu Drummond e minhas Pessoas...

Estava tudo certo.

Mesmo assim,

peguei Drummond e li

“Consolo na praia”...

Estava tudo muito bem.

Após sair, já do outro lado da rua,

voltei-me e olhei a porta apelativa,

Sempre a sensação

De estar esquecendo algo,

Alguma coisa perdida.

Segui Meu Caminho

Caminhando pensativo,

Ouvindo os pés,

Maltratados de longa data,

Amaciarem o chão.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 26/04/2006
Reeditado em 26/04/2006
Código do texto: T145377
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