Corpo, alma e silêncio

Meus dedos não pensam

Apenas se tocam no desvão da linguagem

Meus olhos disfarçam o silêncio

Dizem o que vêem

Fechando-se para o mundo

Minha boca... Ah quem me dera minha boca falasse

Seria para me despedir com a convicção de um sonhador

O coração também pensa

Tanto pensa que chega a sentir

O que a mente no desvario

Teima perseguir

Agora a pouco

Meus vasos dilataram e minha coluna se empertigou

Foi um hálito invisível que por sê-lo por mim passou

Tinha peso de um nada e medida de um tudo

Para onde foi aquele pensamento que perdi?

O que restou foi um eco de imagens

Um pêssego estragado

Emoldurado pelo passado de um triz

Finda minhas horas

E ainda me lembro que tenho vida

Ponho um vaso vazio na janela de um universo solitário

Não me preocupo

Sou preenchido pelo vazio do espaço

O que faço debaixo das estrelas

Não deixa sombras

Não se escuta um pio

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 27/04/2006
Reeditado em 02/05/2006
Código do texto: T146527