O eu e eu agora.

O eu e eu agora.

O eu agora, lia crônicas, revia.

Sobre Borges em “O livro de areia”.

Nos treze contos na primeira pessoa,

Rebuscando, e além dos secenta.

Conversa com seu eu de outrora dezoito.

Desautorizando seu jovem interior.

Debochando da sua vida e de seus amores.

De forma franca, antipática sem pudor.

Estava eu agora, em plena lembrança,

Agarrado a amores servis.

Andando por mares dantes navegados,

Na procura desesperada por mim.

Amores, futebol e renúncias.

Reminiscência um tanto analítica.

O cheiro às vezes acalma, recorda.

Beijos, sexo, atitudes cosmo políticas.

Casmurro, tenso com o meu passado.

Que condeno e tenho saudado.

Das coisas que gosto e que eu não fiz.

Do muito que não tenho e por ser feliz.

Como o vinho que envelhece e melhora.

De tudo que gosto e não faço agora.

O eu momento de alma aplacada.

Resgata o outro no tesão da amada.

E brinda sonhos no cálice da vida.

Onde os eus só esperam guarida.

Somos “Barões que partido ao meio”.

Eus e matéria que Calvino engendrou.

E costurados após vil combate.

Juraram brigas e jura de amor.

A arena aqui é o circo do povo.

Como céu das estrelas é do condor.

Texto elaborado sobre a obra de “Borges”, em “O livro de areia” em treze contos, na primeira pessoa, com o título “O outro”. A reportagem é de Alfredo Monte, em “A Tribuna” de 7 de Março de 2009, em Santos.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 16/03/2009
Reeditado em 25/09/2009
Código do texto: T1489622