Musa furiosa
A musa é uma velha puta
Seu sexo é como o pólen das flores
E seus olhos indagam esfinges mortas
Fico vencido na alegria
As lágrimas não suportadas
Escorrem para a alma
Mancham de fogo
Minha primavera sem voz
Recordo a santificação dos resíduos
Como um elefante mórbido
Emagrecido pela fome cósmica
De não pertencer
Ao refugio dos deuses
Meu esqueleto vazio de olhos
Olha as contradições
Pareço amargo, mas sou apenas
Um poeta humilde
Na escuridão desta aurora
Falo de flores flamejantes
Do ópio das primaveras
Embriagando-me de néctar
A luz enfeitando os lábios da mulher que não amei
E seus seios de fruta madura
Tomando o formato de minha mão
E agora sou todo fonte
Página palpitando na poeira
Letra triste
Apagada pelo orvalho do pranto...