Musa furiosa

A musa é uma velha puta

Seu sexo é como o pólen das flores

E seus olhos indagam esfinges mortas

Fico vencido na alegria

As lágrimas não suportadas

Escorrem para a alma

Mancham de fogo

Minha primavera sem voz

Recordo a santificação dos resíduos

Como um elefante mórbido

Emagrecido pela fome cósmica

De não pertencer

Ao refugio dos deuses

Meu esqueleto vazio de olhos

Olha as contradições

Pareço amargo, mas sou apenas

Um poeta humilde

Na escuridão desta aurora

Falo de flores flamejantes

Do ópio das primaveras

Embriagando-me de néctar

A luz enfeitando os lábios da mulher que não amei

E seus seios de fruta madura

Tomando o formato de minha mão

E agora sou todo fonte

Página palpitando na poeira

Letra triste

Apagada pelo orvalho do pranto...

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 20/03/2009
Código do texto: T1496950