GLÓRIA

Lá os anjos dão glória,

em alarido infindo;

(pos) (abos) tado em seu trono,

Deus não dorme.

Mas é para não se furtar

sequer de um milésimo de tempo

do orgulho que sua grandeza lhe dá...

Não dorme...

E a ordem universal se mantém...

Tudo como quer Deus...

Cá, os homens dão glória

mesmo sem vê-lo

e sem perceberem que não cai

uma folha de árvore sem autorização divina;

que os ventos não sopram sem que lhes mande,

não devastam por moto próprio;

que os raios não fulminam em aversão

ao criador da eletricidade;

que os rios não escorrem,

calmos ou furiosos, por conta própria;

que os vulcões não cospem

sem ouvirem o comando de “fogo!”;

que a terra não se abre, perversa,

e mastiga corpos inocentes sem

que Deus conceda;

que a chuva não cai

sem que um anjo, devidamente autorizado,

abra as torneiras celestes;

que em parte da África e do Nordeste

brasileiro não chove porque Deus não quer...

Quanto às chuvas, que mal há nesses ou em certos lugares,

que não haja em qualquer outro?!

Ou que virtude ética qualquer outro lugar tem,

que esses, não?!

E quanto às catástrofes...?

Por que o homem não pergunta: Por quê?

Só se conforma

e se confina

e se confunde

e se consome

num vão-zinho que ganhou de herança dos pais...

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 04/04/2009
Código do texto: T1522479
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.