GLÓRIA
Lá os anjos dão glória,
em alarido infindo;
(pos) (abos) tado em seu trono,
Deus não dorme.
Mas é para não se furtar
sequer de um milésimo de tempo
do orgulho que sua grandeza lhe dá...
Não dorme...
E a ordem universal se mantém...
Tudo como quer Deus...
Cá, os homens dão glória
mesmo sem vê-lo
e sem perceberem que não cai
uma folha de árvore sem autorização divina;
que os ventos não sopram sem que lhes mande,
não devastam por moto próprio;
que os raios não fulminam em aversão
ao criador da eletricidade;
que os rios não escorrem,
calmos ou furiosos, por conta própria;
que os vulcões não cospem
sem ouvirem o comando de “fogo!”;
que a terra não se abre, perversa,
e mastiga corpos inocentes sem
que Deus conceda;
que a chuva não cai
sem que um anjo, devidamente autorizado,
abra as torneiras celestes;
que em parte da África e do Nordeste
brasileiro não chove porque Deus não quer...
Quanto às chuvas, que mal há nesses ou em certos lugares,
que não haja em qualquer outro?!
Ou que virtude ética qualquer outro lugar tem,
que esses, não?!
E quanto às catástrofes...?
Por que o homem não pergunta: Por quê?
Só se conforma
e se confina
e se confunde
e se consome
num vão-zinho que ganhou de herança dos pais...