O MISTÉRIO DO AMANHÃ

Assim como a Caixa de Pandora

O amanhã sempre nos reserva

Grandes surpresas...

Tal como o Ventre da Aurora

Que gera um recém-nascido

De um tempo esquecido

Que um dia foi embora

E retorna mais ouro

Do que a prata de outrora

Como chegar até ele?

E qual a melhor hora?

Como envolver-se em sua eterna beleza

E ditosa verdade:

- nossa Grande Aurora

A Madre-Mãe Natureza?

Imagens vivas

Em eterno movimento

Rostos familiares

E semblantes conhecidos

Angústias, ilações

Sensações, estranhezas

Perguntas aos milhares

Dúvidas aos milhões

Irrequietos pensamentos

Girando todos ao redor

De um único tormento:

Como tirar minhas dúvidas

E confirmar...

Todas as minhas certezas?

A vida que temos

Pode ser um mistério – vivemos

Uma parte dela, contudo

Vem se descortinando

Diante dos olhos – pequenos

Os sonhos se revelando

E se desvelando em tudo...

Como um fio de novelo

Que leva o herói Teseu

De um labirinto escuro

Ao Portal de entrada

De um jardim iluminado – e sem muro

Em tudo questionando:

“Quem será este – sou eu

Ou meu próprio futuro?”

Ou como o fio de Ariadne

Que se desfaz em verdade

Como um antigo jardim de saudades:

As folhas e flores

Vão adquirindo o vigor

E as mesmas sensações

Das mesmas plantas de ontem

E de todas as estações

E as coisas – em mente

Vão se tornando mais claras

E o véu – de todas as cores

Mais transparente

Até que um dia

Há de se saber – finalmente

Porque foram ditas

Todas essas palavras

E germinadas

Todas as sementes.