...E se eu não estivesse ali...
...E se eu não estivesse ali... (A terceira Avenida)
...E se eu não estivesse ali...
Por esses traços da vida.
Por entre bares e intriga.
Lembrando aquela mulher.
Alguém discute uma briga.
Estou entre o trágico e a figa.
Tento voltar esse enredo.
Não sinto frio e nem medo.
De súbito clarão para trás.
Eu era a calma e a paz.
Um homem muito vivido.
A procura do elo perdido.
Voltei por onde passei.
Por bares ruas e tez.
Por duas grandes avenidas.
No retrocesso da vida.
Sentia-me um caranguejo.
Um curupira vexado.
Mudando o tom do semblante.
Querendo o que era antes.
E desandei a chegar.
Por onde eu comecei.
A pena traça a poesia.
Na escrivaninha da via.
Mudei o reino e a trilha.
Assim parado fiquei.
Em não abri-la fechei.
Aquilo, não recriei.
E se eu estivesse aqui!
Entre os versos e a vida.
Mudando a trama da ida.
Numa terceira avenida.
Então, mudei o entravo.
Troquei a cor do cabelo.
Mudei de casa e de praia.
Tingi a cor dessa saia.
E me desfis da mobília.
Doei meus treco e livros.
Novas canetas e grafite.
Compus sonetos pra elite.
Armei histórias aos leigos.
Troquei anéis e os dedos.
Mudei de lado o relógio.
E vomitei todo o ódio.
E arranquei minha pele.
Ser Fênix em outro hemisfério.
Voar mais distante no espaço.
Ser Ícaro com asas de pássaro.
Não fiz o mesmo caminho.
Por esses lados da vida.
A esmo quase atoa.
Amando a nova pessoa.
Passei voando ao largo.
No bojo da imaginação.
O céu estava estrelado.
Com a lua no coração.