Como se não fosse verdade

Como se não fosse verdade,

a substância da realidade

surpreende a mente condicionada

pela alimentação domesticadora.

Como se não fosse verdade,

a aglutinação das formas no horizonte

golpeia jactante a corpórea expectativa.

A substância adormecida

desprende-se do insuspeitado encontro.

Fragrantes mistérios,

intrigantes ministérios,

envolventes sussurros interiores,

nova ordem de fatores.

Os seres como figuras

transbordando sensações.

Alimentos cerebrais

que mordemos e absorvemos,

iluminando-nos por dentro e então

os audientes secretários pacifistas ao redor

curvam-se em monóxida reverência,

mas a fuligem nos ameaça

com ingratas represálias.

Amor vegetal,

nossa essência floral

suavizando introspecções.

Vegetamos sobre a crosta planetária,

arborizamos o que resta

da relva pisante.

Como se fosse distante,

concluímos o intento subatômico

entre constâncias diurnas.

A folha de relva segura a gota carmesim.

A sombra dança

na paz sem fim.

Supremo sorriso, inocente enfim.

Caímos em transe

verdadeiro em mim.