Fogo

Há momentos na vida

Em que ela nos apresenta sem sentido,

Feito pétalas murchas de margarida.

Amusical e muda e despida do lúdico.

As cordas oníricas arrefecidas

Qual triste viola carcomida

Pelo desprezo inexorável dos tempos idos.

A casa da vida: o corpo,

Suplanta-se sob uma floresta densa

Tal palhoça dos gentios, propensa

A ser engolida pelo criminoso fogo

Que diuturnamente avança, destemido,

Sobre o alicerce e o coração movediços;

Labaredas que exsicam dos olhos, o viço.

E a mente já nem sente o prazer de ter vivido.

Cid Rodrigues Rubelita
Enviado por Cid Rodrigues Rubelita em 01/06/2006
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