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Curioso esse ser que meu espelho habita

Que com olhar indefinido me fita

Ele tem algo de rebelde, de indomável

Exala uma sede de conhecimento insaciável

Difícil definir o que pensa, semblante impassível

Imaginar o que seu silêncio guarda, muralha intransponível

Seus fantasmas parecem escondidos no porão

Mas devem voltar a assombrá-lo nas noites de solidão.

Ele me passa uma pose de profunda segurança

O partner perfeito para qualquer ritmo ou dança

Mas algo me diz que quando a noite acabar

Pode ser que ele não esteja mais lá a esperar...

Ele não precisa se esforçar para sorrir

Age com a mesma naturalidade para partir

Não tem raízes e não sabe ficar

Não tem porto, o mar é o seu lugar.

Oscila entre ondas, luas e marés

Pode ser sua maior sorte ou seu revés

Vestido de benção ou de maldição

Nunca é talvez, só definitivos sim ou não

Avesso a regras, normas ou padrões

Abomina religiões e imposições

Não suporta estar preso em grilhões

Vive intensamente como única todas as paixões.

Orgulha-se de suas asas e precisa sempre voar

Sabe que existe um universo a desvendar

A liberdade lhe é vital, é o seu ar

Sem ela não vive, não consegue respirar.

Ele não tem a mais leve ilusão de ser compreendido

Mas sabe que jamais pode ser esquecido

Sua passagem pode ser breve e sutil, mas é marcante

E nada será como antes daí em diante.

Pergunto-lhe se isso o faz feliz

Ele faz menção de um leve sorriso e nada diz

Espalma as mãos e as balança como um inocente menino

Acho que está me dizendo que é inevitável, talvez seja isso o tal destino...

Leonardo Andrade