Status Quo.
STATUS QUO.
O entrelaçar do momento.
Que aquele ser demonstrava.
No prédio na curva da esquina.
Com pose tão ilibada.
Seu bigode vasto e pomposo.
Cabelo bem penteado.
Nessa visão de agora.
Entre o muro a distância e aqui fora.
A imagem holográfica da área.
Como um zoom que aproxima e melhora.
Percebeu-se a calça surrada.
E a camisa um tanto rasgada.
O pintor desse vasto edifício.
Era um homem de pose tão nata.
Que eu pintei com pincel da hipótese.
Ondulando seu cabelo de lorde.
Folheando o jornal bem mais tarde.
Entre a tela o absurdo da guerra.
Um senhor com seu terno e gravata.
Sem bigode mais bem penteado.
O status quo lesa leigos.
Sobre mim e aquilo que vejo.
Ao tomar meu café de garrafa.
Relembrando “Guernica” na praça.
-Pela ordem, excelência, pela ordem!
Bradou alguém de retórica afiada.
Relatou os princípios da lei.
Apontou a conduta errada.
Rechaçado e aos pouco cercado.
Não pertence aos bem penteados.
Como o pintor daquele edifício.
Sem retórica e nada afamado.
E o amigo do alheio sorriu.
Pro juiz tão ladrão e faceiro.
Que mal pinta as leis do meu povo.
Esculacha meu traje e o meu gorro.
Sua casa é bem perto do céu.
O diabo espreita ao lado.
Sua toga engomada é tão limpa.
E a rubrica destorce, triplica.
Borra as cores das matas, dos rios.
Desse imenso painel do Brasil.
Esse homem de poder supremo.
Médio porte e espírito pequeno.
Renitente relembra o “Visconde”.
Que o Ítalo Calvino criou.
Que partido ao meio na guerra.
Só a outra metade voltou.
Seu trajeto e o meio de tudo.
Sua meia metade maçã.
Sua meia metade tigela.
Sua alma cortada flagela.
O seu sono sonhava o outro.
Que com sua metade atrela.
Há de vir como chegam às partes.
E prova-lo ao tom do combate.
Espera-o no partido das horas.
Com maldade e ódio tenaz.
Reparti-lo com sua espada.
Era tudo era o meio e nada.
E no entardecer de um dia.
Sua boa metade surgiu.
E o sol se escondeu e a lua.
Anoitecendo o meio da rua.
E lutaram até meio dia.
Meia noite sangrenta e vazia.
Quando os raios daquela manhã.
Iluminam os corpos e o clã.
Costurados o bem e o mal.
Misturam-se o mel e o sal.
A espada que fere defende.
E o bem e o mal reacendem.
E de novo eu lembro do homem.
Que despertou a poesia e a prosa.
Quero entender e dizer aos meus netos.
Indicar um caminho correto.
Que estudem, entendam e aprendam.
Não coloque na cara a venda.
Seja o pintor do seu próprio destino.
Não ser grande com ares bandido.
Pisando no imenso cenário.
Que eu tenho na tela tão mágica.
Use a tinta de sua caneta.
E não suje e não borre a letra.
Que não ouse ser o presidente.
Pra execrar o poder e a mente.
Seja Ulisses ou mesmo Tancredo.
Vista a bandeira espante o medo.
No céu com seu alazão tão veloz.
Teotônio Vilela vela por nós!