quando eu passar

quem meviu passar

nao notou na minha derme

a obra de arte exculpida

a ferro e fogo no corpo

em alto e baixo relevo

as marcas a muito talhadas

por bisturis e enxadas

ranhuras de soro e surras

na peça debarro que sou

e assim ignorou

a vitrine de meus olhos

que expunham um acervo

a face oculta da guerra

que luto para vencer

quem me viu passar

ignorou de meu rosto

os calos de travesseiros

das noites por mim mau- dormidas

que clamam o reconhecimento

reservado as cicatrizes

e as suturas cirurgicas

das quais recoberto estou

quem me viu passar

nao sentiu odor de polvora

tao pouco de garamicina

residuos de dias escuros

gravados na jugular

assim quem me viu,nao notou

um pedaço vivo de historia

em um povo sem memoria

de forma clara,informal

em linguagem universal

dos calos ,e pele a enrugar...

-tente ver ...quando eu passar !!!