avental encardido

besouro me procurando

saber quem é que estou amando

saber se estou acordado

com o pensamento grudado

na tela da incoerência

saber se a minha ausência

a casa não sente ou se chora

contente com a minha demora

porque só sei incomodar...

besouro foi me procurar

no vidro da cristaleira

foi ver se foi só brincadeira

do gênio kafkaniano

foi ver se me resta um ano

pra eu desistir do que fui

para ver se o que escrevo dilui

a trilha que pra mim criei

pra dela poder me livrar

besouro chegou na cozinha

porém ela nada continha

além de um encardido avental

não é nada de anormal

eu faço meus ovos mexidos

enquanto os olhos distraídos

frustrados com o mero instante

se perdem no vôo rasante

que só o besouro vem dar...

Rio, 10/07/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 14/07/2009
Código do texto: T1698413
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