Êxtase expansivo

Imensidões

animam subprodutos telúricos.

Sou feito de terra e céu,

equilibro-me no limiar crostal.

Minhas raízes móveis

extraem o melhor de cada solo,

minhas asas hábeis

desviam-me dos penhascos.

Fluo suavemente em tua direção,

minha tênue espuma

salga tua doce epiderme;

deixo que te delicies

com as carícias das pequeninas conchas

envoltas em minha substância.

Giro em torno dos monumentos,

faço das secas folhas que sobem

o meu tapete voador.

Vibro e ondulo, oscilo e tremulo

ao feminil harpejo da tua voz.

Estou dentro e fora de ti;

somos mundos solidários,

como tantas outras mônadas animadas.

Estou imerso e emerso;

as menores coisas e as maiores

armazenam-se em meus códigos internos.

Surjo e me oculto

ao meu bel prazer,

desfruto do êxtase expansivo

até o limite do seu alcance,

até se fazer ouvir o inevitável chamado

do domicílio molecular.

Retorno ao refúgio carnal,

sede temporária deste sumo astral.

Não tenho do que me queixar.

Não há medo de altura

quando se olha de baixo para cima...

e não há distância real

entre o amante e o amado.