SOU SÓ ESTE QUE VEDES

Se hoje sou é porque ontem já fui.

Duas linhas paralelas, no assimétrico

do paralelepípedo de meus olhos.

Demasiadamente descuidado,

entre o rocio da manhã

e o pôr-do-sol, para que haja quem

ou simples resposta,

que, por si só, venha a descobrir,

afinal, quem sou eu,

enquanto poeta e ao que me julgo.

Poeta do povo, para alguns ou poeta

maldito, para outros tantos

(seja lá o que isso for), sou somente,

aquele que não cala nem se vende,

que não a um sorriso de uma criança.

Actor de meus próprios vícios, posso

adiantar, que, num mundo de comas

e de overdoses, na utopia de

alcançar as portas da percepção,

nunca em mim, este meu coração se

alterou nem quanto, pela ignorância,

meu nome cuspiam na parede.

Estátuas sem olhos ao sabor da chuva,

dos que para trás, por estigma, olharam,

nessa minha noite de rendição, lá

continuam a vegetar enquanto eu nunca

deixei de crescer, lendo livros atrás de

livros e pela experiência, que a vida me

deu, ser hoje este que vos escreve…

e quem sou eu, enquanto poeta… sabeis?

Não tem dificuldade alguma, meu amor,

eu sou apenas este, aquele que te ama e

às pessoas de bem, fazendo da poesia,

sua expressão maior, levando-a aos outros,

não esquecendo nunca o sangue nos braços,

que quem se nega, depressa se esquece.

Poeta que, como eu, tem vários cenários,

pelo simples significado, de ser muitos,

num só, como a um actor, seus múltiplos

pensamentos levam-no a isso, porém,

sempre chega a hora, do repouso do

guerreiro e seu lado mais intimista de se

dar, traz-lhe as palavras, secretamente

guardadas, para ti… minha Nan.

Jorge Humberto

07/08/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 08/08/2009
Código do texto: T1743395
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.