FÊNIX

Devolvo-me à flor da terra, de volta as cinzas

A carcaça cansada, impregnada medula óssea adentro

Retina afora, como a extensão inexata entre o céu e a terra

Entre galáxias e estrelas, entre o paraíso e o inferno

Fui andarilha errante, nasci do acaso, do vento

Tenho em mim marcas das curvas, das chicotadas do tempo

Minhas demandas com o destino, obstinadamente,

Remando em círculos, no querer de minha mente

Só fui andarilha errante....

Devolvo-me então de vez às cinzas, o castigo merecido

Minha medula assim exposta, minha retina burra

Devolvo-me em absoluta covardia, fugindo das trevas

E da luz do meio dia, minha guerra santa

Meu silencio em pedras, minha face orvalhada

Pelo criptar do sol, pelo sal da lua.

Já sou por destino errante, piso em terras estranhas

Tomo por posse bandeiras que não me pertencem

Bebo do cálice alheio, não sei se de vinho ou de sangue,

Mas bebo, e bêbada então ando em cordas bambas

Como uma andarilha errante...

Devolvo-me então à terra, volto sim as cinzas, fênix

Que renasce, uma chance, um tempo, um novo cálice

A águia no ninho, arrancar-lhe o bico, as unhas, as penas

Saltar despenhadeiro abaixo, num vôo solo, solitariamente,

E voltar de novo ao caminho, ser andarilha errante...

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 20/06/2006
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