A BITOLA.

A bitola

Certa vez, engendrando a poesia.

Lendo algo de Paulo Coelho.

Entendi como nascem livros.

E a distancia que há entre os trilhos.

O Zahir sendo gerado.

Nos centímetros então fracionados.

De coisa que não conhecia.

De mistério de números, magia.

Indagando, esperando entender.

Os quebrados e não o redondo.

Quem ditou essa regra do trem?

Por planícies que vão tão alem.

Sussurraram pra eu entender.

Era assim por que era assim.

Procurei a resposta na rede.

Aplaquei afinal minha sede.

Ferramentas antigas usadas.

Em estradas e nas carruagens.

Foram impostas na Roma antiga.

Entre pares eqüinos e bigas.

Integradas naquela metragem.

De um metro quarenta e tais.

Era assim na Polônia agora.

E na Idade Média de outrora.

Na Espanha a bitola mudava.

E na França distava um metro.

É preciso mudar o trajeto.

Enfrentar o perigo incerto.

Meu avô engenheiro de estradas.

Confirmava a minha história.

Entre quatro medidas distintas.

Nas fronteiras de nossa memória.

E o que isso tem com a vida?

Pois num dado momento remoto.

Impuseram os rumos e os trilhos.

Ajudaram o nascer de um livro.

Não preciso sorrir a tristeza.

Nem jurar um amor tão eterno.

È preciso mudar o correto.

Entender que o novo é incerto.

Vou mudar as estações...

No dial de outras emoções.

O texto acima, foi construído a partir de uma leitura do escritor Paulo Coelho sobre “a distância entre os trilhos”, na edição de (AT revista) do jornal A Tribuna de Santos de 5 de Abril de 2009.