Poema sem lógica

Saio de casa, apressado,

no rítimo do futuro incerto,

ou do carro desvairado na rua vazia.

De repente paro, e em frente a uma vitrine

me deparo com uma lembrança

dos tempos em que o próprio tempo

parava para mim.

O tempo em que brincadeira era coisa séria,

e coisa séria era brincadeira,

que se perdia ao vento.

Agora me transporto para o hoje,

e novamente me encontro

em frente a vitrine,

mas vitrine não reflete mais

a rua vazia, agora reflete a imagem

de alguém que tem na vida nada mais

do que a própria vida, e mesmo assim

vive-a feliz por ser o que é.

É um poeta, sujo, maltrapilho,

mas um poeta sem medo da poesia

(e muitos têm) que se dá através

de linhas ocultas ou lembranças esquecidas

em vitrines, vitrines de ruas vazias.

Laerte Brandão Sancho
Enviado por Laerte Brandão Sancho em 21/06/2006
Reeditado em 14/01/2007
Código do texto: T179953