vazio et cheio

vazio

a prancha de madeira sobre o riacho

une dois trechos de terra

me espera, me espera, me espera

diz a formiga do outro lado

pro elefante que se afasta

enquanto em mim se desgasta

a sensação de vazio

ao perceber que você

de mim se afasta também

o rio

já não me basta

reúno-me

com a formiga

e na procissão

continuo...

cheio

recomeço a marcha

o sapato já não me aperta

o cinto resfolega no meu torpor

sinto o teu cheiro de cor

no odor do teu cangote

me iludo

o dorso do teu decote

desnudo

deixa teu ombro

supremo

cetim sobre a pele de âmbar

qualquer coisa vale o

orgasmo

lá vem o teu nome e me

engasgo

queria morrer sem dizer

que te necessito

depois

que a minha esperança

parir

Rio, 18/06/2006