VISÃO AQUILINA

Meados da década de noventa,

Lá ia eu dando os primeiros passos

Na estrada da luz, de braços

Abertos, em busca da Fonte que alimenta.

Abril de 94, fui à Cachoeira de São Miguel,

Na minha cidade natal, Conceição

Do Mato Dentro, fazer uma meditação...

Jamais imaginei que poderia subir tão alto ao Céu...

Esta foi a minha primeira visão

Transcendental. Uma visão aquilina

Que aconteceu naquela meditação, uma visão divina!

Transformei-me numa grande águia, naquela íntima introspecção.

Foi uma transmutação sideral.

Numa fração de segundo,

Me vi no alto, n'outro mundo,

Eu! Uma águia a voar pela imensidão celestial...

Eu! Águia, voava e agudamente piava,

Abria as enormes asas

E ostentava as imponentes garras.

Bem elevado no Céu azul, com os olhos esmeraldinos, tudo avistava!

Visão aquilina! Visão incomensurável!

Num voo alucinado,

Sobrevoando o lindo cerrado,

Avistei lá das alturas, uma apetitosa cascavel.

Preparei para a caça, numa águia faminta, me transformei,

A emocionante pirâmide alimentar,

Ali no astral do cerrado, iria se manifestar

E num sensacional mergulho aéreo, da cascavel, me banqueteei.

Foi um banquete natural,

Não era eu! Eu era um águia.

Na Cachoeira de São Miguel, lavei o bico n'agua

E depois voei, voei tão alto que avistei o pantanal...

Uma etérea corrente de vento,

Impulsionou-me em direção ao Norte.

Me entreguei àquela etérea onda de sorte,

Não hesitando em nenhum momento.

Em poucos e mágicos instantes,

Com a vista sempre aguçada,

Avistei a exuberante Amazônia! Floresta encantada!

Meus olhos, naquela visão aquilina, ficaram radiantes.

Fui perdendo altitude

E aproximando daquele extenso mar verde,

Serpenteado por imensos rios, sinuosos igarapés e pequenos filetes.

Após tanto voar, precisava de uma quietude.

Na copa da árvore mais alta daquela mágica Floresta,

Uma exuberante Samaúma! Eu, Águia do astral, pousei minhas garras afiadas.

Visão aquilina! Todas as cenas eram contempladas

Naquela magia cósmica da Mãe Natureza, em inefável festa.

De todas as cenas vislumbradas, uma certamente

Marcou toda aquela transcendência

Que eu lembrarei por toda minha existência,

Porque foi uma cena em êxtase completamente.

Eu! Águia do astral,

Avistei da copa onde estava, no leito do igarapé Mapiá,

Uma esplendorosa Vitória-Régia

Que flutuava n'agua, bela como uma nave espacial.

Desta Vitória-Régia de tanto primor,

Saíam luzes iridescentes

E raios transcendentes.

Tudo era fagulhas e brilho do Crístico Amor.

E a águia ensandecida? Piou! Piou! Piou!

Agradecendo naquela Floresta, à Essência Criadora

Por aquela visão aquilina, divinamente encantadora...

A águia abriu as maravilhosas asas e voou! Voou! Voou!...

Após um longo período de voo e íntima migração,

Eu! Águia do astral, piando aqui estou, em louvor,

Na Montanha de Fé, trazido pelo Criador,

Para descrever aquela transcendente visão aquilina. Divina Miração!

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