A águia e a galinha

A águia e a galinha.

A vida a morte, o vôo; o mote.

Azar, má sorte a veia e o corte.

Distúrbio global, crise mundial.

O bem e o mal, sangue real.

A fome ultrapassa fronteiras do mundo.

Que nosso planeta não pode repor.

Eu quero um bolo pra dar a você.

Pintar teu nome com glacê de amor

Quero plantar já não consigo

Dançar baião grudado contigo.

Lá no milharal no meio da roça.

Voce nua coçando umbigo.

Hectare de sonhos jògo no saco.

A ave não canta, pois dói a garganta.

E dentro do cerco o cisco da águia.

Cacareja galo, galinha insana!

Meu momento é sempre dramático.

Mudanças climáticas, um medo galáctico.

Preciso de um novo e belo planeta

Colher todo milho, estourar o infàtico.

Adoro o bife e purê de batata.

A mandioca pra ter a farinha.

Nessa vivenda o tempo não passa.

O bolo no forno aguça a rinha.

Repor água pura é outra tragédia.

Bebe-la então, tragicômica comédia.

Eu vou pra Parsagada ou morar lá em Marte.

Virar minha vida sentir outra arte.

Levando a águia e o meu galinheiro.

Buscar devaneios e novos anseios.

Ciscar os mistérios do céu marciano.

Fincar a "Bandeira" gerar novo sonho.

Trazer para cá meus livros e amigos.

Ser dono da lua coçar meu umbigo

Plantar o arroz o café e o trigo.

E na gravidade levitar contigo.

Fazer dessas plagas um novo celeiro.

Pro galo cantar nas manhãs tão faceiras.

E dar para águia o vôo tão novo.

Frigir omeletes no estalar de um ovo.

A lua é do povo.

Como o céu é do Condor!

Poesia elaborada a partir de um texto de Frei Beto, A águia e a galinha, onde a águia criada em “galinheiro”, perde toda a sua condição de vôo e sua majestade nos céus do planeta.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 21/11/2009
Reeditado em 16/08/2017
Código do texto: T1936164
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