lágrimas secretas

Vivo contando orvalhos no fim da primavera

entre flores e espinhos,

há sentimentos estáticos exatamente contidos

entre água e ar.

assim como há estranhezas despidas e dispostas

em pleno arco-íris,

As cores iludem os olhos, mascaram a dura

realidade em branco-e-preto

como num filme noir com sua trilha sonora

depressiva.

Pondero em silêncio sobre essa primavera

tórrida... de flores ressecadas,

de inclemente sol a queimar

peles e ódios humanos

Na água a redenção é mais táctil

Hídricas formas de sentir comovem os

transeuntes

Crianças ostentam lindas lágrimas,

senhoras seduzem por lindas lágrimas

que percorrem seu rosto e malícia

na certeza incongruente de ser frágil e

onipotente.

Vivo contando orvalhos durante as manhãs

e em silêncio,

são lágrimas secretas,

anônimas até.

Não almejam seduzir,

não almejam sequer serem notadas...

deixam reticências para que os poetas

as transformem em poesia.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/12/2009
Reeditado em 22/02/2010
Código do texto: T1953679
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