Caminhada

Caminha o menino na relva ainda molhada,

aceitando o desafio de não ver ruborizadas

as duas faces do rosto... de pele morena.

Caminha o menino sob a chuva na calçada,

aceitando o desafio de não ver petrificadas

as idéias que ele tinha... de uma vida inacabada.

Caminha o menino sob o som de uma toada,

aceitando que o destino pode estar na encruzilhada

de duas ruas sem carros, sinal... ou guarda de trânsito.

Caminha o menino sob a noite enluarada.

Vai pela estradinha de terra, tenuemente iluminada,

que se acaba ali na frente... na densa vegetação.

Caminha o menino, vai com a mente encabulada.

Só se foi o desatino de saber que a namorada

era tudo o que queria... ou era nada.

Caminha o menino sob o som da trovoada,

esperando o torvelinho de paixões desenfreadas,

mas o que ele vê no caminho... é o aceno do perdão.

Caminha o menino de uma forma apressada

na certeza do encontro de uma paz encomendada,

tendo a sorte de achar... uma agulha no palheiro.

Caminha o menino de estatura elevada,

de tantas lutas vencidas, de vitórias apertadas

em uma vida esquecida... no meio da solidão.

Caminha e persiste o menino...

como o sabor da canção.

Rio, 02/01/2005

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 17/07/2006
Reeditado em 24/09/2008
Código do texto: T195604
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.