Satanás

Pensamentos sangrentos

secam a minha boca.

Desde as entranhas ás trémulas mãos,

o ódio se esvai em sangue.

Gritos que incitam a morte,

se dobram em vão desespero.

Sob o aço frio se rasga a carne,

que em leito quente e em dor arde.

Que venha Satanás,

quem meus cabelos penteia,

como a mãe que acaricia o ventre,

comer a mosca na débil teia.

Que venha Lúcifer,

provar deste doce sangue,

banhar nos seus lábios de mulher,

o líquido que jorra a meus pés.

Que se torne o dia em noite,

e o negro em cor de fundo.

Que se ergua das trevas teu trono,

e juz se faça a teu infame nome.

Que chova morte sobre as frias campas.

Que se molhe quem chora por aquele que levas.

Oh Satanás, que por servo me tens!...

Uivando te louvarei, matando te vingarei.

Que a fidelidade que em honra te devo

me obrigue em força, p´ra de punho fechado

queimar bandeiras, destruir cidades,

benzer de fome famílias e lares.

Que o luto em justo fim se ergua ,

por entre exércitos de revoltados,

e se dizimem sobre a nova corte,

sob o acre cheiro da carne podre.

Que não se torne a morte em esperança,

mas o sangue quente em fria lança.

TrabisDeMentia
Enviado por TrabisDeMentia em 29/07/2006
Código do texto: T204607