Percepção

No velho e desgastado

tampo da mesa de verniz,

quiz

o tempo que ali estaria, ele, ancorado,

inanimado; e num momento

tento

perpassar a linha física que isola

um objeto da sua real dimensão.

Mãos

espalmadas, devassando a imensidão

de uma energia infiltrada em sentimentos.

Pensamentos

fluem como um torvelinho, um furacão,

e chego, por fim, num caminho debruado,

opalado,

que me leva ao desfecho da visão;

vejo um ser inconsistente, iluminado,

arrebatado,

que num simples dedilhado ao violão,

sobre o palco se exaltava

e pude ver maravilhado, em frenesi,

uma platéia que aplaudia, se enlevava,

quando ouvia o refrão “olha aí, é o meu guri”!

Chaplin
Enviado por Chaplin em 29/07/2006
Código do texto: T204900