No Amanhã

No Amanhã

Qual barco ao sabor das ondas soçobrando

Luto, estrebucho, exangue sem sentidos

Então, quero meus despojos abatidos

Com o que sobrar, as contas vão pagando

Sem arengas, prelação ou falatório

Quando muito, um lençol da cor da lua

Cobrindo as partes nobres, mais impudicas

A cabeça descoberta, como adjutório

Restos inglórios, nulos, sem lembrança

que os recorde, nem olhos para chorar

Pelo resto da escória à semelhança

Do que outrora foi sonho a naufragar

Depois, tudo está perfeito, em sua ordem

Inúteis despojos, que os vermes corroem

Um dia serão pó, cinza, ou quase nada

Considerai, somos hoje, o mesmo nada

Deus, dê-me força d’este vazio sopesar

Coragem a meu corpo e à minha alma

Para que nesta transição ao apagar

Tua luz que transfigura, dê-me a calma

São Paulo, 26/02/2010

Armando A. C. Garcia

E-mail: armandoacgarcia@superig.com.br

Site: www.armandoacgarcia.blogspot.com