Poema póstumo

Numa sala vazia, os pensamentos indo e voltando num vai e vem constante; num desatino da razão, como que fora da realidade, as lembranças me assombram; os meus erros me vêm e rompem a barreira que me protege de mim. Meus olhos veem o que antes não viam. E eu, na condição de aberração que me tornei, penso coisas que já nem sei.

No tic-tac de um relógio qualquer, percebo o tempo que já perdi e o tempo que já não me resta; para tentar mudar o que não pode ser mudado, para tentar consertar o que não tem conserto. Falar coisas que nunca falei às pessoas que mereciam ouvir, verdades do quanto as amo e do quanto adoraria que estivessem sempre perto de mim. Mas na escuridão em que me encontro, meu peito endurece, selam-se meus lábios, minha voz emudece e as palavras não saem.

Falta-me o chão, a tristeza me corrompeu; o que era de mim já não existe mais e os dias já não são meus. As pessoas que perdi, a felicidade que não encontrei, as coisas que não falei, tudo!!! Agora em meu túmulo penso, como nunca pensei!!!