AMOR AO RELENTO

Que perdoe-me, amor - este amor de novela
perdido e escondido em escura viela 
e que, mesmo assim, desaguou de um passado
confuso, sem nexo - mas reinventado!
E fora de rumo, e tão bem repartido
e, sem mais nem menos, cheio de sentido!...
Um dia verás a razão permanente,
embora nos dias que correm - dormente!...
E então saberás das vias convergentes
que nascem e que morrem nas mesmas nascentes...
Amor, me perdoa estas emoções loucas;
se a ti se referem, mesmo assim são poucas!
Pois não tenho culpa da louca engrenagem
que mascara tudo de insana miragem!
Mas desta miragem, apreendo o seu nexo,
talvez  pra ti nulo, fútil, desconexo...
É que um feitiço sem pé nem cabeça
tocou tua fronte, e sussurrou: "esqueça"!
É que de minha parte, tua cota de agora
é somente um aroma, uma brisa de fora;
um etéreo toque a afagar-te os cabelos
qual sopro de vento, em perfume de apelos...
Amor de minha alma, eu te alcanço à distância!
E de mim só recolhes, por ora, a fragrância:
vives as tuas horas em redoma de vento
e eu te aguardando, cá fora, ao relento...

Com amor,

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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 14/08/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T216661
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