Despertai de estar Existindo

Entorpecida por tantas questões ainda insolúveis,

Andarilhando em uma sociedade impermeável e vazia,

Quando nos é exigido fé e obediência a tudo o que é colocado acima de nós,

E as tuas incertezas são mascaradas e soterradas no porão de tua alma,

Enquanto abraças outros corpos aparentemente alegre,

E teu sorriso é só mais outro tipo de disfarce,

E este teu ser tão carismático e cativante é uma linda flor cheia de espinhos por dentro de si.

Tantos sentimentos inquietos e angustiados ocultados por tua eloqüência,

Tantas idéias que querem romper a placenta plúmbea de teus medos,

E é sozinha em teu quarto que te encontras

com o teu eu - verdadeiro

com quem há tempos já não conversas mais.

Os raios da tempestade beijam a epiderme da terra,

Contudo as algemas dos hábitos cotidianos cegaram teu olhar antes poético,

Que atualmente só enxergam repetições aparentemente inéditas.

Vive-se em um mundo aparente,

Vive-se uma vida aparente e transbordante de efêmeras aparências,

Convive-se e dialoga-se com pessoas de maneiras tão aparentes,

Relacionamentos superficializados aparentando ser algo concreto e consistente.

Tornaram tudo em superficialidades necessariamente essenciais,

Quando o interior das pessoas é um imenso oceano desertificado.

O verbo “Viver” foi decapitado transubstancialmente.

O verbo “Ter” reina e domina corações, mentes, governos e nações.

Tu és possuído pelo que tu próprio possuis.

Ter e Aparentar andam lado a lado.

Todavia, tudo está aparentemente bem,

Você está aparentemente bem,

E não há sequer cicatrizes em teu corpo, e nem marcas em teus pulsos,

Por causas e fins construídos por ti mesmo.

Enquanto os Pregadores do Apocalipse ou do Progresso Tecnológico e Social

Continuam com suas marchas e uniformes,

Com suas campanhas e seus slogans mendazes.

E peregrinando no abismo de mim mesmo,

E em cemitérios aparentemente sombrios,

Flutuando entre o vácuo do passado e do futuro simultaneamente,

Eu encontrei e colhi minhas respostas e explicações que me desvelam silenciosamente

Tantos segredos multiformes,

Mas não há paz em minha alma,

Porém novas galáxias eclodem dentro de mim,

Geradas pela explosão cósmica de minha sinapse, neurônios e axônios estelares.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 01/04/2010
Código do texto: T2171023
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