Apenas um Segundo

Cansada de estar procurando pela origem da vida,

Parei na praia, buscando a concha na areia perdida.

O sol queimando meu corpo que a onda molhou, esquecida

Da primeira vez que ela veio ao encontro da areia do mar.

Do pensamento a passagem totalmente impedida.

No fundo aquela imagem seria desobstruída

Quando eu, caminhando bem solta e muito mais atrevida,

Pudesse pensar com vontade no que esperavam de mim.

O vento tocou meus cabelos, meu rosto beijou sem vontade;

A onda deixou no meu corpo o sal que queimou de verdade

De baixo dos raios de luz, brilhando com intensidade,

Mostrando-me que a realidade da vida não se contradiz.

Parei de repente de novo. O pensamento não vinha,

Por mais que me achasse vulgar, pensando que fosse a rainha

Que me disseram que eu era quando dez anos eu tinha.

E vi cada vez mais distante o que eu queria encontrar.

Malgrado aquele momento, voltei na areia a mexer

As pernas que não me ajudavam, não iam me obedecer.

Mas eu precisava pensar, mas eu precisava temer,

Correr, me jogar, esperar pelo princípio do fim.

Mas a gaivota no alto me fez suspirar e sorrir.

Do pelotão ia à frente, querendo talvez exibir

Aquela conduta imponente que pode até sugerir:

Não quero mais que um segundo pra ter tudo aquilo que quis.